sexta-feira, 13 de maio de 2016

Conto da minha ordinária terceira vida (a mais pacata) - Parte I

Quando fui reparar, estava comendo um peixe coberto com asfalto empanado da Vivenda do Camarão. Arroz como aquele, eu faço melhor. Me garanto. No purê faltava algo, meio molenga, meio preguiçoso. Minha mulher mal encostou no prato, apesar de me chamar de resmungão por avaliar a obra. Eu comi tudo, ainda assim.

Despejando as bandejas, a gerente investiga:
- Não tava bom não?
- Um pouco duro o peixe, mas no geral tava sim. - não tive disposição para replicar os bodejos da mesa.
- Hummm... - notando ela que não foi das melhores refeições

Coitada, parecia gostar do que fazia. Sabia que não agradou. Não tinha culpa, mas tinha. Estariam os cozinheiros aplicando um golpe de Estado? Seria ela vítima de um complô? Qual a razão da insatisfação?

Nunca vou saber, mas ela me pareceu um técnico de futebol sendo fritado pelos seus atletas. 

De qualquer forma fica a questão: será que na próxima vez o peixe vai estar melhor?

Nunca vou saber.